ESG é uma sigla que está em alta no mundo corporativo atualmente. Ela significa “Environmental, Social and Governance”, ou “Ambiental, Social e Governança” em português.
Podemos definir o ESG como um conjunto de critérios utilizados para avaliar o desempenho e a sustentabilidade de uma empresa em termos de práticas ambientais, responsabilidade social e governança corporativa.
Os investidores estão de olho: segundo uma pesquisa realizada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), 93,9% dos investidores brasileiros disseram ter algum tipo de conhecimento sobre o assunto.
Além disso, a empresa de consultoria e serviços digitais Infosys compartilhou o relatório ESG Radar 2023, projetando que os investimentos em ESG nas organizações devem chegar a US$ 53 trilhões até o ano de 2025. Esses números foram divulgados no site da Exame.
Na lista abaixo estão as descrições de cada uma das práticas e por que elas são tão importantes.
O critério ambiental refere-se às práticas relacionadas ao uso de recursos naturais, à gestão de resíduos, às emissões de gases de efeito estufa, entre outras questões ambientais.
A preocupação com as mudanças climáticas, a escassez de recursos naturais e a degradação ambiental tem aumentado significativamente. A exigência da sustentabilidade vem de todos os lados: dos governos, dos investidores, dos consumidores e da sociedade em geral.
Pensando pelo lado financeiro, a má gestão dos recursos também pode ter consequências. Desastres ambientais, multas regulatórias, litígios relacionados a questões ambientais e perda de reputação podem afetar negativamente os resultados financeiros e a viabilidade das empresas.
Por outro lado, algumas regulamentações e políticas governamentais podem favorecer empresas que adotam práticas sustentáveis, proporcionando incentivos e benefícios.
Atualmente, o ESG é um critério em decisões de investimentos e, por esse motivo, empresas com boas práticas ambientais têm maior probabilidade de atrair investidores responsáveis e de obter acesso a capital a taxas favoráveis. Além disso, algumas instituições financeiras estão implementando restrições em relação a investimentos em setores com alto impacto ambiental.
Segundo item da lista, o critério social diz respeito às políticas e práticas que uma empresa adota em relação aos seus funcionários, clientes, fornecedores e comunidades onde opera.
Isso inclui aspectos como a diversidade e inclusão no local de trabalho, a segurança e o bem-estar dos funcionários, o engajamento com a comunidade local, a proteção dos direitos humanos e a garantia de relações justas e éticas com seus stakeholders.
Empresas que demonstram ter compromisso com práticas sociais responsáveis têm mais chances de atrair e reter talentos qualificados, o que é um grande desafio no mercado hoje em dia.
Isso acontece porque os profissionais estão cada vez mais preocupados com o ambiente de trabalho e sua experiência (employee experience), a diversidade e inclusão, a cultura organizacional e o impacto social das empresas. Empresas com boas práticas sociais podem construir uma reputação positiva como empregadores atraentes.
Os consumidores estão se tornando mais conscientes e exigentes em relação às práticas sociais das empresas, o que gera um comportamento de vigilância e cautela.
Esse grupo acaba dando mais valor às empresas que se envolvem com a comunidade, respeitam os direitos dos consumidores, promovem a segurança dos produtos e adotam medidas para minimizar impactos negativos em relação a questões sociais. Assim, empresas e clientes buscam construir relacionamentos mais sólidos.
As empresas precisam obter e manter uma licença social para operar, ou seja, o apoio e a aceitação da comunidade onde estão inseridas.
O critério social do ESG enfatiza a importância de envolver e contribuir para as comunidades locais por meio de práticas responsáveis, como programas de responsabilidade social, desenvolvimento comunitário e engajamento com partes interessadas.
Dentro desse critério, práticas sociais inadequadas envolvem questões como discriminação no local de trabalho, violação dos direitos dos funcionários, envolvimento em práticas antiéticas ou corrupção.
O critério de governança refere-se à estrutura de liderança, transparência, responsabilidade e ética corporativa de uma empresa.
As práticas desse critério envolvem a qualidade da governança corporativa, a independência do conselho de administração, a remuneração dos executivos, a gestão de riscos e a divulgação transparente de informações financeiras.
A transparência nas operações e a prestação de contas são fundamentais para construir a confiança dos investidores, clientes e outros stakeholders. Dessa forma, é possível enfatizar a necessidade de divulgar informações financeiras precisas, adotar práticas contábeis éticas e estabelecer estruturas de governança corporativa robustas.
A boa governança corporativa envolve:
Respeitando essas práticas, as empresas garantem que os direitos dos acionistas sejam protegidos e respeitados. Isso inclui a igualdade de tratamento entre os acionistas, a transparência nas decisões de gestão, a participação em assembleias gerais e a divulgação de informações relevantes.
Já falamos sobre cada um dos critérios envolvidos em ESG, mas a pergunta que fica é “por que aplicar essas práticas na empresa?”. Várias vantagens e benefícios estão envolvidos nessa decisão. Vamos falar sobre alguns deles abaixo.
A adoção de práticas ESG sólidas e comprovadas fortalece a reputação e a imagem da empresa no mercado.
Instituições que são vistas como responsáveis ambientalmente, socialmente conscientes e com boas práticas de governança corporativa ganham a confiança dos consumidores e outras partes interessadas. Isso pode resultar em maior lealdade do cliente, maior preferência de compra e uma vantagem competitiva diante de seus maiores concorrentes.
Grandes investidores e instituições financeiras estão cada vez mais considerando critérios ESG em suas decisões de investimento.
Aqui, as empresas com práticas ESG também têm vantagem, incluindo maior probabilidade de atrair investidores responsáveis e obter acesso a capital a taxas favoráveis.
Além disso, algumas instituições financeiras estão implementando restrições em relação a investimentos em setores com alto impacto ambiental ou práticas sociais inadequadas. Interessante, não é mesmo?
A consideração de fatores ESG ajuda as empresas a identificar, avaliar e gerenciar melhor os riscos regulatórios, riscos de reputação, riscos operacionais e riscos financeiros.
Por isso, ao integrar a gestão de riscos ESG às suas práticas, as empresas podem aumentar sua resiliência e capacidade de enfrentar incertezas e desafios futuros.
A geração mais jovem de profissionais valoriza cada vez mais a sustentabilidade e a responsabilidade social no local de trabalho. Pensando nisso, empresas com práticas ESG têm maior probabilidade de atrair e reter talentos qualificados que se importam com esses valores.
Isso pode resultar em maior engajamento dos funcionários, aumento da produtividade e uma cultura corporativa mais positiva.
A prática de ESG estimula a inovação e a eficiência operacional. Ao buscar soluções mais sustentáveis e eficientes, as empresas podem desenvolver processos de negócio otimizados, reduzir desperdícios, economizar recursos naturais, melhorar a eficiência energética e reduzir os custos operacionais.
A busca por soluções sustentáveis também pode levar a novos produtos e serviços inovadores, impulsionando a diferenciação competitiva e abrindo novas oportunidades de mercado.
Viu só? Essas vantagens e benefícios mostram que a prática de ESG não apenas contribui para a sustentabilidade e a responsabilidade social, mas também traz retornos tangíveis e intangíveis para as empresas, fortalecendo sua posição no mercado e impulsionando seu desempenho a longo prazo.
Dentro das empresas, as equipes de TI podem ter uma posição estratégica e importante quando o assunto é ESG. Pensando nos processos do time, é possível aplicar sustentabilidade nas etapas de diversas formas. Nós separamos algumas delas para auxiliar gestores e lideranças.
Uma das formas de aplicar ESG nos processos de TI é trabalhar para reduzir o consumo de energia nos data centers e equipamentos.
Isso pode ser feito por meio da virtualização de servidores, uso de tecnologias de resfriamento eficiente, otimização de configurações de hardware e software para reduzir o consumo de energia, e monitoramento e gerenciamento adequados do uso de energia, por exemplo.
Equipamentos eletrônicos não duram para sempre. Eles podem parar de funcionar por conta de defeitos irreparáveis ou substituição por itens mais novos e atualizados.
Nesse contexto, a disposição adequada de equipamentos eletrônicos descartados é uma parte importante da prática de ESG. As equipes de TI podem implementar políticas de gerenciamento de resíduos eletrônicos, incluindo a reciclagem correta de equipamentos obsoletos, o reaproveitamento de componentes e a adoção de práticas de descarte responsáveis.
Uma ideia é, quando possível, fazer parcerias com empresas de descarte de resíduos eletrônicos para garantir que o descarte seja feito da forma correta sempre.
A proteção de dados e a privacidade dos usuários são aspectos fundamentais da governança corporativa e da responsabilidade social que, como vimos, é um dos pilares das práticas de ESG.
Dessa forma, os times responsáveis devem implementar medidas robustas de segurança cibernética, garantindo a proteção dos dados confidenciais da empresa e de seus clientes.
Além disso, é importante aderir às regulamentações e legislações voltadas à privacidade de dados, como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR).
Ainda falando sobre responsabilidade social, é preciso pensar sobre inclusão e diversidade em empresas e equipes de tecnologia. Quantas mulheres fazem parte da equipe? Quantas pessoas negras? Quantas pessoas LGBT+? Se a liderança ainda não parou para pensar nessas questões, a hora é agora.
A prática de ESG envolve garantir a igualdade de oportunidades para todas as pessoas, independentemente de sua origem étnica, gênero, idade ou habilidades, e criar um ambiente de trabalho inclusivo e acolhedor para todos.
A aplicação de novas práticas baseadas em ESG está acontecendo? Agora é a hora de implementar sistemas de monitoramento e relatórios para medir e comunicar o desempenho ambiental e social da empresa.
Existem diversas opções de ferramentas e métricas para monitorar a aplicação do ESG. Cabe à empresa decidir quais se aplicam melhor aos seus processos e dão uma visão mais transparente dos objetivos.
Os relatórios de sustentabilidade, por exemplo, fornecem informações sobre metas, estratégias, iniciativas e resultados alcançados, permitindo que as equipes avaliem o desempenho da empresa em relação aos objetivos de ESG.
Além disso, existem diversos índices e rankings que classificam as empresas com base em seu desempenho de ESG. Geralmente, esses indicadores são divulgados externamente, com comparativos entre pares. Dessa forma, as equipes podem avaliar seu desempenho relativo e identificar áreas de melhoria.
De forma ainda mais concreta, métricas ambientais como indicadores como pegada de carbono, intensidade energética e taxa de reciclagem também ajudam a medir a eficiência do ESG.
Nas métricas sociais, podemos incluir taxas de rotatividade de funcionários, índices de diversidade, programas de voluntariado e iniciativas de responsabilidade social corporativa.
No critério de governança, as métricas podem incluir indicadores como composição do conselho de administração, adoção de políticas anticorrupção, mecanismos de controle interno e engajamento dos acionistas.
Pensando no futuro, as empresas podem impulsionar a inovação sustentável, sempre buscando soluções tecnológicas que reduzam o impacto ambiental e social da empresa.
Algumas ideias são a implementação de tecnologias verdes, o desenvolvimento de aplicativos e sistemas voltados para a sustentabilidade e o apoio à transformação digital sustentável.
Os dados que direcionam as práticas de sustentabilidade são definidos de diversas formas, inclusive nas maiores conferências internacionais entre representantes de países, por exemplo. Um dos exemplos mais recentes é que, na COP27, conferência climática da ONU realizada em novembro de 2022, uma das metas discutidas foi limitar o aquecimento global a 1,5°C até 2100.
O próprio Brasil, na COP26, assumiu um compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 50% até 2030 em relação aos níveis de 2005.
Apesar do ESG ser uma tendência, ainda não é obrigatório divulgar esse tipo de informação nas empresas brasileiras. No entanto, o cenário tende a mudar: segundo o Google Trends, as pesquisas pelo termo crescem a cada ano: em 2021, o ESG atingiu seu nível mais alto de busca em 16 anos, um número quatro vezes maior que a média do ano de 2020 e 13 vezes superior à de 2019.
Como a sua empresa e a sua equipe estão se atualizando e aplicando as práticas de ESG?
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