Se dizem empresas “Data Driven” aquelas que tomam suas decisões e são orientadas a partir da análise e tratamento de dados.
Dessa forma, o planejamento estratégico se mostra mais eficiente e o crescimento da instituição pode ser acompanhado, mensurado e analisado de forma clara.
E se antes esse termo era mais restrito às equipes de tecnologia, isso está mudando: o impacto dos dados chegou a todos os setores, desde as equipes de RH que recrutam novos talentos até os CEOs.
Durante muito tempo, as empresas basearam suas decisões em intuições e experiências anteriores no mercado. No entanto, isso nem sempre gerava a precisão e a clareza necessárias para garantir a evolução dos processos.
Pensando nisso, a cultura Data Driven reúne dados coletados de diversas fontes, trazendo muitos benefícios para as equipes.
É sempre importante lembrar que, por se tratar de uma cultura organizacional, o Data Driven não se aplica da noite para o dia. É preciso muito estudo e estratégia para engajar lideranças e equipes na orientação por dados.
Clive Humby, um famoso cientista de dados, disse a frase “dados são o novo petróleo”. De acordo com ele, esta é a matéria-prima da inovação, e abrir mão deles é sair da competição do mercado.
O cientista de dados Christopher S. Penn organizou cinco estágios pelos quais as empresas passam antes de, efetivamente, se tornarem instituições Data Driven. Como já comentado, nem sempre é um movimento rápido - essa transição em algumas empresas pode levar anos.
Empresas com lideranças mais conservadoras tendem a ser mais resistentes a mudanças. O mesmo acontece com os dados: o “de sempre” vence e o conhecimento sobre as novas tecnologias é adiado.
Com o tempo e o entendimento da importância da área, fica o sentimento de “por que não começamos antes?”.
Como o mercado está em constante movimento e transformação, em algum momento surge a curiosidade sobre os dados mesmo nas empresas mais conservadoras.
O potencial começa a ser explorado e a primeira pergunta que se faz é “o que existem nos dados e o que podemos extrair deles?”.
Neste estágio, a empresa começa a fazer seus primeiros trabalhos com dados. Ela se concentra mais na análise e na testagem de ferramentas e fornecedores.
Aqui, os dados já são vistos como valor estratégico e a empresa perde o medo de investir cada vez mais nesse tratamento.
Através de perguntas direcionadas aos diversos setores da empresa e relacionadas com os dados coletados, aparecem os insights, que vão direcionar as ações que serão tomadas pela equipe.
Isso é considerado um gatilho para que essa empresa se torne uma Data Driven.
Este é o último estágio, onde as ações já estão sendo tomadas e as próximas já estão sendo indicadas.
O uso de dados já está sendo feito em todos os níveis e em todos os setores da empresa como estratégia.
A coleta e o tratamento de dados são parte de uma ciência, que será aplicada com o intuito de suprir as dores e demandas do público-alvo da empresa.
Por isso é tão importante olhar para os dados: são eles quem ditam o comportamento dos usuários, suas preferências, tendências e movimentações. Além disso, os benefícios da aplicação do Data Driven são muitos:
Uma equipe orientada por dados sabe de onde vem e para onde vai. Com as metas e objetivos claros e o uso das ferramentas certas, a eficiência, a produtividade e a redução de custos são consequência. Os erros também são menos frequentes e, quando acontecem, são resolvidos com mais facilidade.
Com o uso dos dados, a empresa encontra uma maior facilidade para segmentar seu público. A partir disso, pode organizar diferentes estratégias para atingir cada grupo e ter mais chances de conversão.
A segmentação também orienta a criação de conteúdos relevantes e que realmente chamam a atenção para serem consumidos, criação de novos produtos para atender às demandas do mercado e a otimização da experiência do usuário em produtos online.
Este modelo de gestão ajuda as lideranças a definir as prioridades e também o que não gera valor para o negócio. Com isso, as energias se voltam para o que realmente é importante.
Isso implica em menos desperdício de recursos e maior efetividade nos resultados.
A análise de dados permite que a empresa antecipe as tendências do mercado de acordo com o que já aconteceu e com o que está acontecendo.
Assim, as decisões são tomadas com mais rapidez e a empresa sai na frente de suas concorrentes.
O marketing é diretamente afetado pelo Data Driven. Com essas estratégias, essa equipe se integra naturalmente com os times de vendas. Juntos, é possível mensurar como a marca está sendo recebida pelo público, o que deve continuar sendo feito e o que precisa ser mudado para melhorar ainda mais os resultados.
Nesta cultura, os dados não são vistos de forma isolada ou individual. Eles são integrados nos processos e operações, geralmente em um sistema centralizado (como a nuvem) para que todos tenham acesso.
Os resultados são alcançados a partir da inteligência coletiva e da união entre pessoas, dados e tecnologia.
Todos os profissionais da empresa devem estar alinhados à nova cultura, mas é fundamental que existam cargos de especialistas em dados, pessoas que realmente estudaram a área e podem orientar o time aos melhores resultados.
Os cargos mais comuns são Chief Data Officer (CDO) e cientista de dados.
O Data Driven permite ainda mais autonomia para os colaboradores, ajudando-os a tomar decisões e trazer soluções importantes.
Dados isolados não trazem resultados. É preciso que eles estejam organizados, acessíveis e integrados.
Charliton Albert polemizou a frase de Clive Humby. De acordo com ele, dados não são o novo petróleo. O novo petróleo é a sabedoria através dos dados.
Existem diversas ferramentas de dados que variam de acordo com a necessidade de cada empresa e organização de trabalho.
Contar com as ferramentas certas torna os processos mais eficientes e os impactos positivos mais rápidos para todas as áreas envolvidas.
Além disso, uma pesquisa do Finances Online indicou que, para 60% dos executivos, a transformação digital é o fator mais essencial para crescer uma empresa em 2022.
Empresas orientadas por dados seguem um fluxo de tomada de decisão que começa na identificação do problema do cliente ou usuário e termina nas ações e aprendizados adquiridos durante o processo.
Assim como compartilhou a redatora Beatriz Menezes no blog MindMiners, o fluxo é o seguinte:
1. Identificação do problema
2. Coleta de dados
3. Definição dos objetivos e KPIs
4. Definição da estratégia e plano de ação
5. Acompanhamento e otimização das ações
6. Definição dos aprendizados
Este processo é cíclico e cada métrica conquistada será utilizada nas próximas estratégias.
Outro termo comum em empresas que adoram a cultura Data Driven é o Analytics Driven.
Enquanto o primeiro é um conceito quantitativo, o segundo é um conceito qualitativo, que busca padrões e relações entre os dados.
Pensando na operação lógica, a Analytics Driven é uma evolução do Data Driven, já que exige uma base de dados mais sólida e complexa e o envolvimento total da gestão.
Para garantir uma boa atuação da cultura de dados, é indispensável contar com uma infraestrutura de TI na empresa. Essa equipe poderá coletar, estruturar e recuperar dados por meio de ferramentas de mineração com inteligência artificial ou machine learning.
O investimento em bons servidores e banco de dados de alta performance não podem ser deixados de lado, assim como a implementação de uma governança de TI voltada para Big Data.
O time deve contar com bons firewalls, controle de acessos, computação em nuvem e o desenvolvimento de uma cultura completa de segurança de dados.
E não menos importante: a liderança é responsável por montar uma equipe qualificada e com profissionais especializados nas áreas mais importantes da análise de dados.
Os KPIs (indicadores-chave de performance) são dados que ajudam a nortear as decisões da empresa, uma vez que indica o que está e o que não está dando certo nas operações.
Esses indicadores devem estar de acordo com as metas individuais e coletivas do time, para que os profissionais não se desviem de seus objetivos principais.
A LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) garante que os dados usados pela empresa serão consultados apenas por pessoas autorizadas e que os usuários que forneceram os dados serão tratados com transparência e ética.
Para garantir que a lei funcione, a função de Data Protection Officer (DPO) é exigida para servir como ponte entre a empresa e a ANPD (Agência Nacional de Proteção de Dados).
A pessoa responsável pelo cargo deve monitorar os processos e garantir que eles estejam seguindo as diretrizes da Lei e as boas práticas de proteção de dados. A formação jurídica não é necessária, mas o profissional deve ter o domínio da LGPD.
O sistema ERP (Enterprise Resource Planning, ou Planejamento dos Recursos da Empresa) é uma base muito importante para empresas Data Driven.
Por meio do software, é possível integrar todas as áreas da empresa para fazer a análise e a governança das informações coletadas, além de dar aos colaboradores um panorama de como vão as estratégias de negócio.
As equipes responsáveis por BI e Inteligência Artificial conseguem, a partir disso, gerar relatórios inteligentes e analisar dados em tempo real, para que eles sejam integrados nas decisões o mais rápido possível, tornando as estratégias mais eficientes e seguras.
A coleta de dados é uma fase crucial para as empresas Data Driven. Por esse motivo, deve ser feita em fontes confiáveis e que tenham seu contexto esclarecido.
Além disso, muito se fala da humanização do consumidor. É muito importante reunir informações para estabelecer padrões de comportamento, mas também é fundamental entender as emoções e motivações que geram esses movimentos de mercado.
Esse olhar sensível também é uma uma forma que faz com que a empresa se destaque em seu nicho.
A mudança na cultura organizacional de uma empresa é sempre repleta de desafios. Com o Data Driven não é diferente, e existem alguns obstáculos enfrentados pelas equipes.
A aquisição de softwares e hardwares, a contratação de fornecedores especializados, entre outros investimentos, fazem parte da movimentação da transformação digital.
Por isso, as organizações devem manejar suas ferramentas e recursos a fim de alcançar os melhores resultados. Mas isso nem sempre é simples (ou barato).
Para gerar e manter a cultura Data Driven, é preciso contratar cientistas de dados, analistas especializados e outros profissionais voltados a essa área.
Enquanto muitas empresas encaram o departamento de tecnologia apenas como suporte, a nova cultura não terá a estabilidade esperada.
Ainda sobre a equipe de tecnologia, preciso que ela esteja integrada com todos os departamentos, especialmente as áreas de vendas e marketing.
Juntos, esses profissionais podem se aliar em decisões estratégicas e encontrar respostas para perguntas bem formuladas.
A comunicação é um alicerce importante dentro da empresa. Para encontrar os melhores resultados, é preciso que as equipes estejam alinhadas e mantenham canais claros de comunicação, para que haja colaboração e engajamento em todas as etapas dos projetos e análises.
Equipes e empresas que se recusam a evoluir com o Data Driven estão cada vez mais fadadas a ficarem para trás, serem menos competitivas e menos confiáveis para seus clientes.
E as equipes de TI, que estão diretamente relacionadas à área de dados, podem se mostrar protagonistas neste processo de mudança de cultura, além de proporcionar uma nova experiência de sucesso para quem embarcar nas estratégias de crescimento.
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